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sábado, 20 de julho de 2013

Às vezes o amor não é o bastante- Co dependência

                                            Às vezes o amor não é o bastante.....


Este é o nome do filme que retrata o surgimento do Al-Anon. Na trama, é possível acompanhar a história verídica e conturbada do amor entre Lois Wilson, co-fundadora da irmandade, e Bill Wilson, o cofundador dos Alcoólicos Anônimos.
A metodologia dos 12 passos, hoje conhecida em todo o mundo, começava então a ser praticada por Lois e Anne, esposa de Bob, que fundou o A.A.  com Bill.
Elas perceberam a necessidade de um programa que as auxiliasse, como membros da família que conviviam com os membros de A.A. para que pudessem identificar as suas
próprias patologias que pareciam emergiam conturbada convivência com os esposos alcoolistas.Assim, em1957,nasceu o Al-Anon, o grupo familiar para os parentes e amigos de
alcoolistas.
Na literatura de Al – Anon, Lois explica porque, como cônjuge de um alcoólatra, ela também precisou de tratamento.
Depois de um tempo convivendo com o marido sóbrio, ela começou a se perguntar porque não estava tão feliz quanto deveria ser, já que a única coisa pela qual ansiava em toda a sua
vida conjugal era pela sobriedade deBill.
Parece estranho não?Mas é a realidade dos codependentes, os familiares que são afetados pela dependência do ente querido.
Vivendo sob pressão, tendo a quem controlar, vigiar, se responsabilizar, o codependente sente-se necessário. Acredita que tem o controle da situação,que se ficar em casa poderá evitar o próximo gole ou se afastar-se poderá estimular o último, levando o ente ao processo de recuperação.Pensa também que vigiando os seus passos poderá evita que algo de ruim lhe
aconteça. Toma as responsabilidades do outro para si, tirando lhe as oportunidades de crescimento, que habitualmente, nestes casos, provém da dor, da experimentação dos prejuízos causados pelo uso,pelas perdas.O codependente não quer que o ente amado sofra perdas, mas não enxerga a si próprio, as suas próprias perdas, à sua derrocada emocional, ao distanciamento de si, de seus sonhos e até de suas emoções.
Quando finalmente chega este dia, habituada à vivência de altos e baixos, pressão, dor, brigas, incertezas e sofrimento,o familiar codependente não sabe como viver de outra forma.
Então, sente-se desnecessário, infeliz, ainda mais sem valor, forçado agora a olhar para o imenso vazio que a sua vida se tornou.
Assim era a tristeza de Lois. E, em contato com as outras esposas  esposas dos membros de AA, ela pode perceber que os sentimentos eram os mesmos e que assim como funcionava para eles estarem entre os seus iguais, partilhando suas dores e caminhando juntos para frente, assim funcionava também para elas.
Por mais estranho que possa parecer, nãosóas esposas,mas as mães e os pais também se habituam a esta forma insana de viver – quando os filhos estão em uso – e se não forem tratados, também incorrerão os mesmos erros. Não saberão lidar com o novo filho e desenvolverão comportamentos que, inconscientemente, tem o objetivo de perpetuar o controle anterior, a necessidade de vigiar, de ter o filho, de certa forma, sob os seus cuidados.
Vejam então que paradoxo! Esposas, pais, filhos, irmãos, amigos,todos anseiam pelo grande dia,pelo momento em que, finalmente, o dependente vai encontrar a sobriedade.E, quando chega este momento, não sabem mais como viver com este dependente. Por que? Ele - o dependente - ao entrar em recuperação, ao viver em sobriedade passou por uma série de questionamentos e transformações. Ele habitou-se a olhar para si, para suas fraquezas e forças, defeitos e qualidades, desejos, sonhos,perdas e ganhos e pode  então adotar novos comportamentos que o mantém na sobriedade.
Enquanto isso, o que a família fazia? Participava das visitas ao ente querido, torcendo para que o tempo voasse e tudo acabasse com final feliz. Muitas vezes, chegava a atrapalhar o
tratamento, aceitando as manipulações do ente para interromper o tratamento. Outras faziam o contrário. Esqueciam o ente no local de tratamento. Cansados de tentar, abriram mão e entregaram-se.Não tinham forças para apoiar, participar.
A verdade é que na recuperação as máscaras caem e dependente e codependente podem ver uns aos outros verdadeiramente. Antes  trocava, de máscaras, de papéis. Agora, elas não servem mais.
Porém, se todo o codependente pudesse entender, assim como Lois há mais de 50 anos entendeu, como é afetado pela doença do outro, tornando-se cada também um doente sem
Nada  poder oferecer a si mesmo, quanto mais ao outro,muitos caminhos poderiam ser diferente.
Se você é familiar de um dependente químico e acha que apenas ele precisa de tratamento, esqueça! Todos adoecem, porém todos podem se reerguer na união familiar.
São tantos grupos de apoio aos familiares espalhados hoje pelo país, como o Al-Anon, o Naranon, o Amor-Exigente, entre outros.A família precisa sair da negação, precisa se dar a chance de dividir o peso da culpa, da dor, da tristeza, com o
mundo,sejam com quem sofre com a mesma questão ou com um profissional de saúde capacitado para orientá-lo.
A questão hoje é simples:se a dependência química entrou em sua casa, corram todos e juntos, em busca da sobriedade.
Como no título do filme de Lois, às vezes o amor não é o bastante.Muitas vezes,o bastante é aprender a amar da maneira correta,o amor que acolhe, educa e orienta  e que é capaz de resgatar o que de melhor existe no coração do outro.

Fonte: Revista Anônimos / Edição 11. 

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